domingo, 11 de abril de 2010

TENENTE HERNANI

     TENENTE HERNANI.

     Após o encontro com o Major Magalhães Mota, que se dirigia ao hangar, eu procurei me certificar do movimento e, enfim, da forma daquele objeto. Então me dirigi à torre de controle da Base Aérea de Porto Alegre.
     Lá, na torre, nós conseguimos binóculos possantes, dos últimos tipos, enfim, ótimos binóculos. Lá, na torre, também tive oportunidade de estar sentado ao solo e observar com referência, também, aos telhados. É que eu queria ter certeza ainda de movimentos do objeto. Verifiquei, de fato, o movimento circular, que, ora para um lado ora para outro, de fato foi constatado. Aí resolvi fazer um desenho. Tomei uma caixa de fósforo - estava deitado, com o binóculo assestado, etc. - comecei a fazer um desenho do que eu estava realmente vendo. A forma, o objeto que eu vi aparentava uma estrela minúscula num ângulo de 45º.
     Agora não era uma estrela com pontas nítidas, eram desbotadas, as 5 pontas desbotadas. Afora, foi nítido, eu vi com uma nitidez cem por cento. O céu estava azul, completamente não existia nuvem de espécie alguma, de forma alguma.
     Quer dizer, eu, fazendo o meu desenho, estava dando a conta exata do que estava vendo. Não satisfeito com isto eu saí da torre e fui até a estação meteorológica americana para constatar se eles haviam largado balões-sonda para exames de meteorologia, estudos meteorológicos. Cheguei lá encontrei um sargento americano e perguntei se eles tinham teodolitos. Eu queria saber a altura exata. Eu calculo na ordem de mais de 40.000 pés.
     Agora, essa ordem de mais de 40.000 pés eu sigo. Como já disse eu estou acostumado a ver aviões voando, a toda hora eu olho o céu, vejo um avião, calculo a altura etc. e tal. É por isso que eu digo que a ordem de altura seja de mais de 40.000 pés do objeto que estava vendo. Perguntei ao sargento americano se ele não tinha largado balões-sonda naquele dia. Negativa.
     Completamente fechada a seção, nós não temos aparelhos aqui, o teodolito está fechado num carro de radar que eles tem lá, de maneira que eu não posso lhe emprestar, não tenho chave etc. e tal.
     Aí eu mostrei ao americano, disse: Olhe aqui, não tem balão nenhum no ar. Ele disse: Não tem, de fato não tem. Então eu disse, vamos ao oitavo hangar; eu vou lhe mostrar um objeto interessante que passou pela base. Aí mostrei o objeto que até então estava vendo. O americano ficou maluco com o negócio. Disse: Ah! uma coisa não é possível. Eu disse: Não, o senhor não está vendo? O que o senhor está vendo? Ele disse: Estou vendo, de fato, um objeto em cor brilhante, em alumínio, que tem uma forma redonda e que se movimenta em círculo ora de um lado, ora de outro.
     Assim, então, como você está vendo exatamente o que acabo de ver. Não é? Eu saí dali, fui para o hangar e disse para o Major Magalhães Mota: Major não tem nenhum balão no ar. E a maneira como esse objeto se apresentava não podia ser de espécie alguma um balão, porque um balão, se olhando, ele tem a forma de uma esfera.
     Qualquer que seja o ângulo em que se apresente é sempre uma esfera, sempre uma circular, uma circunferência. E esse objeto era variável de forma, devido à posição dele não é? Era forma de estrela, ou circular ou de circunferência. Aí falei ao Major: Major Magalhães Mota lá no hangar está observado por diversos oficiais, aviadores civis e praças.
     E aí constatei a existência de mais um disco, ou seja, mais um objeto. Para mim era um objeto até então. A existência de um aparelho de movimento fixo e outro se aproximando a grande velocidade.
     Esse objeto parou, um ao lado do outro, um fixo, e o outro continuou o movimento, ora de um lado, ora de outro, circular e desapareceu.
     Às vezes que eu avisei o Major Magalhães Mota da velocidade eu vi aproximadamente a 90º seja, na vertical. Eu vi o objeto descrever um arco de 60º no céu. Saiu da vertical e desapareceu num ângulo de 30º com o horizonte. Desapareceu, porém, no Infinito. Não alcancei mais e, à proporção que ele se afastava, vi perfeitamente. Era redondo e à proporção que se afastava tomava a forma de um charuto. O mais interessante que eu achei era a grande velocidade dele. Nunca vi uma coisa igual com uma velocidade tremenda. Eu calculo que o tempo que ele levou da vertical ao ângulo de 30º fosse entre 8 e 10 segundos, no máximo 10 segundos.
     E, à proporção que ele se deslocava, criava em volta dele uma nebulosidade, um halo, esse halo desaparecia quando ele parava. Quando estava parado, dava a impressão de parado, desaparecia completamente aquele halo, que à proporção que ele se deslocava aumentava em volta do círculo. Pude observar até às 04:30 horas da tarde, hora em que trabalho, tive que fazer um vôo de demonstração atambém e foi a última vez que o vi. Vi durante 3 horas e meia num céu azul e sem dúvida alguma eu desenhei o objeto numa caixinha de fósforos.
     Mostrei ao Major, que até então não tinha observado. O mais interessante é que antes eu não tinha lido absolutamente nada a respeito de "Discos Voadores" ou coisas de forma redonda, enfim, que pudessem aparecer numa revista etc. e tal. Às 9 horas da noite o Major se encontrava no cassino dos oficiais, quando eu disse a ele: Eu faço questão agora de ler a reportagem que estava no O CRUZEIRO. Foi então que o Major Magalhães Mota, que estava com a revista na mão, passou-a para mim.
     Aí, então, é que fui ler e fui comparar o desenho que eu tinha feito com as fotografias apresentadas pelo O CRUZEIRO. Quanto à semelhança, não resta a menor dúvida, são idênticas. Era só o que tinha a dizer.