MAJOR MAGALHÃES MOTA (Continuação).
No momento do desaparecimento eu vi um disco desaparecer para cima ou um objeto. Ele ficava naquela movimentação e foi subindo rapidamente e foi diminuindo, diminuindo, até desaparecer totalmente. O outro se movimentou na direção que eu calculo suleste. E eu não vi mais. Ah! É natural que eles perguntem por que eu não voei naquele momento para ir ver. O caso é o seguinte: eu já tinha, há uma semana antes, decolado para ver um objeto que sobrevoava Osório. Osório é um campo de aviação nosso, cerca de 90 milhas de Porto Alegre. Eu já havia feito uma observação pelo Tenente Guise, um oficial da FAB. Eu decolei de Porto Alegre num avião a jato e subi rapidamente para 45 pés ou sejam 15.000 metros. E não vi. Não vi e as condições do tempo não eram satisfatórias, nos tínhamos, aproximadamente, três a quatro oitavas de nuvens na área de Osório.
De modo que nessa oportunidade, que eu estava vendo, não quis perder. Fui procurar um binóculo fui me infrmar e pedir ao Tenente para verificar a questão meteorológica, etc..
Além do mais, um avião Meteor, na altitude de 45.000 pés, oferece certas características de vôo que impedem ao piloto de fazer uma observação precisa no espaço e essas portas de vidro tem reflexos muito nítidos e sensíveis dificultando tremendamente a observação.
Para as observações do resultado acima era necessário que eu abandonasse completamente o avião, pelo menos a observação dos instrumentos, o que não me permitia manter a altura dos 45.000 és. Não se consegue voar o Meteor a 45.000 pés sem prestar atenção ao avião. Quer dizer, a minha observação externa ficaria prejudicada de modo que eu resolvi não decolar.
Aliás eu conversei com o Tenente Hernani se valia a pena decolar ou não valia e cheguei à conclusão de que não valia. Hoje, talvez, lamente um pouco não ter decolado, mas na hora não foi possível. E o caso também da fotografia. Todos perguntam por que nós não tiramos fotografias. Domingo, a seção de fotos da Base estava fechada, a seção fotográfica. Nós não tínhamos máquina na mão. Não se pensou no caso, todo mundo estava mais ou menos num estado de excitação devido à observação do objeto, e nós ficamos naquela indecisão e não fotografamos.
De qualquer modo a observação foi absolutamente nítida. Não poderia ser, absolutamente, nada que eu conheça. Eu já tenho visto muito o planeta Vênus. E todos perguntam se nós não confundimos. O azimute, à altura de Vênus não coincidia, no momento, com o azimute à altura do objeto observado, que era, aproximadamente, 350º do azimute 80º de altura.
Vênus não coincidia no momento. Além do mais, não se vê Vênus movimentando para baixo e para cima, andando pata lá e para cá. Não existem dois Vênus no espaço para uma parar ao lado da outra. E a cor, com que se observa Vênus durante o dia, não é a que foi observada por nós.
O objeto oferecia uma cor exatamente igual à do nosso avião Meteor, isto é, um prateado pintado não é prateado metálico. Há uma grande diferença nos aviões que não são pintados. Isto é, são metálicos esmo. O metal aparece. É o caso dos nossos aviões Meteor em que a pintura é prateada. De modo que não havia possibilidade de confusão com coisa alguma que eu tivesse visto e a velocidade era acima de qualquer coisa que eu já tinha conhecido antes. Era só.