IV - CONCLUSÃO.
Ainda dentro do roteiro que tracei, vamos, para terminar, reportar-nos a conclusões de pessoas de responsabilidade que se têm pronunciado a respeito de "Discos Voadores".
Chamamos, entretanto, a atenção para o fato de que a conclusão final a esse respeito ainda está para vir. Com raras exceções, é, geralmente, admitido que seja o que for que se possa concluir sobre fatos observados, isso nada mais representa que "conclusão parcial" se asim podemos chamar. Serão elas talvez aproximações para a conclusão final, que ainda algum dia virá.
Como sabemos, são os Estados Unidos a potência que tem reunido maiores recursos para a investigação disso que já se cognominou "a maior interrogação de nosso tempo". Pois bem, em 1.952 houve quase um pânico quando os discos sobrevoaram Washington, somado isso ao grande número de aparições havidas naqueles meses.
A tal ponto foi o pânico que o governo viu-se forçado a ter de pronunciar-se publicamente. Foi então convocada uma reunião de imprensa em 29 de Julho, no Pentágono, e o General-de-Divisão John Sanford, Diretor do Serviço de Informações, viu-se frente ante a maior reunião de jornalistas que hava desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Por aí, pode-se calcular o enorme interesse público que os discos provocaram. Junto ao General Sanford achavam-se o General-de-Divisão Roger Ramey, Chefe de Operações e quatro técnicos do ATIC - Ais Technical Intelligence Center - Coronel Donald Bower e Capitães Roy James, Burgoyne Griffing e Edward Ruppelt.
Nessa ocasião, o General Sanford felicitou o "Blue Book" por haver realmente dado explicações aceitáveis a um grande número de casos investigados.
Todavia, foi categórico ao afirmar: -"Não obstante permaneceu uma percentagem desse total - cerca de 20% - que procedeu de observadores dignos de crédito e relativa a coisas incríveis para as quais até hoje não se conseguiu uma explicação. Continuamos a nos preocupar com esses casos".
Essa é a coragem moral, que o General Sanford mostrou de maneira inequívoca e à qual me referi no começo deste trabalho. é a coragem de confessar que não sabe.
Sendo apaixonante como é, o problema dos discos pode dar lugar a tudo que se possa imaginar como atitude face a eles. Afirma-se, duvida-se, nega-se, ou mesmo recusa-se a tomar conhecimento deles eximindo-se assim de afirmar, duvidar ou negar.
Será talvez a atitude mais cômoda, algo como a de espectador sentado nas arquibancadas do Maracanã. E não se pense que essa atitude é tomada apenas por conhecidos tímidos ou indecisos. Vultos proeminentes do pensamento universal têm guardado essa atitude face aos discos. É que o "jogo" é realmente perigoso, o terreno é escorregadio e essa atitude será talvez prudência, se quisermos dar um nome a ela, usando um eufemismo.
Nem todo mundo tem a magnífica simplicidade do Doutor Menzel. Einstein, por exemplo, está neste caso. Certo pastor evangélico escreveu-lhe sobre isso, relatando que numerosas personalidades conhecidas de ambos, ou tinham visto algo ou se haviam pronunciado a respeito e finalizava pedindo-lhe a opinião. Einstein não tardou em dar-lhe a resposta:
-"Essas pessoas devem ter visto realmente algo. Não sei o que foi nem o que é e não tenho nenhuma curiosidade de sabê-lo".
("O Globo": 30-07-1.952).
Como acentuei, há de tudo. Desde os que não sabem, não querem saber e talvez tenham raiva de quem sabe, até os que crêem com verdadeiro fanatismo. São os "cultistas". Fazem dos discos, verdadeiro culto. Têm clubes, sociedades, associações, usam alfinetinhos na lapela, mantêm publicações periódicas. Falam sobre discos como o islamita falaria do Alcorão.
Pelo que tenho observado na documentação que já cheguei a reunir, parece predominar a crença de que os discos, ou não existem, sendo talvez ilusoes de ótica, ou são naves interplanetárias. Sobre esta última possibilidade, a própria Força Aérea já se manifestou, admitindo-a. Há um Relatório da Força Aérea em que se lê à página 18:
-"As notícias de objetos estranhos avistados nos céus têm circulado através de gerações. Entretanto, os cientistas acreditam que se os marcianos nos visutam agora, sem estabelecer contato, poder-se-iam afirmar que só recentemente tiveram sucesso na viagem pelo espaço e que, seguramente sua civilização estava à frente da nossa. Isto porque acham os cientistas que qualquer raça tecnicamente superior não viria aqui apenas para demonstrar sua capacidade em forma de misteriosas aparições através dos anos, aqui chegando de cada vez e voltando sem tomar contato".
(do livro: "The flying saucers are real").
Mas, isso parece lógico perguntar por que nesse Relatório elege-se Marte para a origem dos discos? Por que ensaiar-se, "explicação" sobre as razões por que não procuram contato?
Há quem afirme que esses contatos têm sido procurados. Realmente, e afirma-se com um encantador desembaraço ou com "soberba ignorância", como afirma Hugo Rocha em seu livro "O Enigma dos Discos Voadores".
Além de Marte, há muitos outros astros que poderiam eventualmente ser habitados por seres inteligentes. Vênus, coberto de nuvens de gás carbônico, poderia ser habitado, admitem os cientistas.
A temperatura de Mercúrio é tal que derreteria o chumbo ou o estanho. Júpiter parece ter uma atmosfera de amoníaco. Em Plutão, o Sol apareceria como uma de nossas estrelas de segunda grandeza, cintilando sobre um mundo escuro e frio.
Mas, isso tudo quer dizer muita coisa quando partimos da premissa de que os seres que por lá existem devem ser semelhantes a nós, com idênticas necessidades fisiológicas, forma, contextura, etc., etc..
Na verdade, isso pode não acontecer. Os seres que eventualmente habitem outros astros talvez não tenham sido feitos à imagem e semelhança do homem. Ainda hoje, continuamos a insistir na crença de que ocupamos o centro do Universo, tudo girando em torno de nós. Quem existgir pelo mundo afora deverá ser parecido conosco. Ainda recentemente, no anteontem dos séculos, quase jogamos Galileu na fogueira por ter tido a coragem de afirmar a monstruosidade de admitir que a Terra girava em torno do Sol.
Ora, a vida pelo Infinito afora pode ser baseada numa química diferente. A nossa química orgânica se baseia nos compostos de carbono e daí a vida terrestre ter tomado a forma de metabolismo que lhe é fundamental.
Como sugere Pietro Ubaldi, "imaginai outros conglomerados e centros de mnatéria em que os mesmos ou outros elementos químicos estejam diversamente dispostos e compreendereis em que infinitas formas o mesmo onipresente princípio da vida possa estar desenvolvido no Universo" (A Grande Síntese - página 212).
Perguntar, como pergunta o "Relatório" do "Blue Book", por que não aterram ou não tomam contato conosco os discos, caso venham de outros astros, é uma pergunta sem sentido, segundo Raymond Cartier, com sua latina finura de espírito.
Esses seres poderiam ser tudo ou mais que nossa débil imaginação pudesse sonhar. Poderiam ser até imortais, segundo a opinião de certo teólogo, caso tivessem sido criados nas mesmas de Adão e Eva, mas sem ter caído, como nossos avós, no "conto" da mação da Bíblia. Neste caso, poderiam andar por aqui, talvez, procurando algum princípio de vida que eventualmente lhes faltasse lá onde vivem. Com muito espírito, o comentarista gaulês observa:
-"Mas, nós não conhecemos nem os hábitos do salmão. Por que conheceríamos os hábitos e costumes dos habitantes inteligentes do terceiro satélite de 'Próxima Centauri'."
Em seu livro "Vida nos outros mundos", o astrônomo H. Spencer Jones diz:
-"Não podemos definir a vida interplanetária, tomando por padrão nossos próprios padrões; ela pode existir em formas que não nos sejam familiares. É concebível que haja seres cujas células do organismo contenham silício, por exemplo, ao invés de carbono, que é o componente essencial de nossas células, e que por isso possam viver em ambientes que nossos organismos vivos terrestres não suportariam como, por exemplo, extremo frio ou extremo calor".