II- OS DISCOS NO PASSADO (Continuação).
O "Times", de Londres, em edição de Setembro de 1.870, publica outra curiosa descrição semelhante à do Senhor Martin. O escritor Harold Wilkins revelou, numa entrevista chamada "Contemporary Review", o importante relato dum comandante de navio, que, quando navegava na costa da Sibéria, presenciou a pasagem de um misterioso aparelho e dele fez uma descrição minuciosa e acompanhada de um desenho.
Pela descrição desse comandante de navio, navio que se chamava "Lady of the lake", a misteriosa aeronave seria o que conhecemos hoje como "Disco Voador". Acrescente-se que a "Contemporary Review" era uma publicação cujo caráter austero não se coaduna com fantasias (Extraído do livro "Enigmas dos discos voadores" - Hugo Rocha - Pôrto - Portugal).
Em Marselha, a 01º de Agosto de 1.871, novamente o estranho aparecimento de "Disco Voador". Era enorme, redondo, movia-se lentamente e foi visto cerca de 15 minutos.
A 26 de Agosto de 1.894, menciona o livro do Comandante Keyhoe, um almirante britânico assinalou um enorme disco e no ano seguinte, 1.895, a Inglaterra e a Escócia foram "inundadas" por histórias de "Discos Voadores".
Em 1.897 começaram os aparecimentos de "Discos Voadores" a ser frequentes nos Estados Unidos. Um dos casos curiosos começou, segundo relato contido no livro "The flying saucers are real", a 09 de Abril.
Um enorme "charuto" foi assinalado cruzando os céus de Midwest. Por uma semana a estranha aeronave cruzou pelos céus daquela região. A 16 de Abril a "coisa" desapareceu. Porém, no dia 19, reapareceu sobre West Virginia. Na manhã desse dia a cidade de Sisterville foi acordada pelos apitos estridentes das sirenes das serrarias e teve sua população estonteante visão. De um enorme "charuto", sobrevoando a cidade, holofotes voltados para baixo vasculhavam a região. Por cerca de 10 minutos a aeronave rodou sobre a cidade, depois encaminhou-se para Leste e desapareceu.
Seria impossível enumerar todos os caso sregistrados em documentos que merecem inteira fé. O que convém fixar é que esses fatos estavam acontecendo muito antes dos Irmãos Wright e de Santos Dumont terem ensaiado os tímidos saltinhos que deram em seus aeroplanos, em 1.903 e 1.906.
Esses fatos, desde aquela época, fins do Século XIX e começo do XX, aconteciam em todo o mundo, desde as Índias Orientais Holandesas (1.890) até aos Estados Unidos, seus antípodas.
Renovo o apelo para que fizemos o fato singular de que a aviação nem existia e a aerostação somente começou a ser usada com relativa eficiência no decorrer da guerra 1.914/18, pelos alemães, como todos sabemos.
Já tivemos nós, no Rio de Janeiro, e nunca esquecerei, um despertar maravilhoso, com um enorme "charuto" nos céus, com holofotes voltados para baixo.
Lembro-me ainda bem. Foi no clarear de um dia de tempo maravilhoso, céu limpo. Mas, note-se, isso foi uma das diversas vezes em que o Zepelin veio ao Rio. Lembro-me ainda da estupefação do nosso povo e dessa lembrança, chego, por extrapolação, ao estupor natural da população da cidade de Sisterville a 19 de Abril de 1.897.
O curioso é que, naquela época, a ninguém ocorreu que se pudesse tratar de ilusão, psicose ou mistificação. Nem tampouco se pensou em armas secretas. Hoje todos sabemos as versões que correm a respeito desses mesmso fatos. O homem tem uma tremenda vontade de explicar tudo o que lhe impressiona os sentidos e raramente tem a coragem moral de confessar sua fraqueza mental, apesar de fingir acreditar que possa haver no céu e na terra mais coisas que as que possa sonhar sua vã filosofia, como dizia Hamlet a Horácio, no drama de Shakespeare, representado em 1.602.
Tem vontade de explicar e, de qualquer modo, ensaia explicar seja lá o que for. E essas "explicações" vão desde o ridículo dos cientistas, explicando a impossibilidade do vôo do mais pesado que o ar, e a impossibilidade de transporte simultâneo de energia e calor, até ao trágico de um velhinho de 70 anos, grande matemático, físico e astrônomo, quase ser jogado na fogueira porque não aceitaa as "explicações" que lhe pretendiam impingir, em 1.633, depois de um julgamento de 20 dias.
O que é curioso, também, é o considerável retardo que se nota no homem para assinalar a experiência de seus antepassados. Ainda hoje é frequente, no debate de problemas apaixonantes como esse dos "Discos Voadores", jogarem-nos o "supremo" argumento de que tal explicação não serve e não serve porque um astrônomo, Doutor Menzel de Harvard, assim o acha. Somos, realmente, tardos, mas, pensando bem, deveríamos contar com esse retardo também. Ora, o homem precisou usar o cavalo mil anos para então desconfiar que talvez fosse elhor usar estribos quando montado. Mas, seja como for, a intolerância no debate do apaixonante tema é generalizada.
De um lado, o cientista Doutor Menzel de Harvard, com toda a sua responsabilidade de cientistas, afira, pura e simplesmente, que as "histórias" de "Discos Voadores" procedem da mesma fonte de que surgem as lendas de assombrações e duendes. E afirma mais: "Que as causas mais comuns desse engano são as sementes de serralha, a teia de certas aranhas, as bolhas de sabão, os balões netereológicos e os meteoros".
De outro lado, os que não concordam com as explicações do Doutor Menzel, enchem-no, não de argumentos, mas de insultos pesados, acusando-o de ser um falso sábio, um universitário em busca de reputação e dinheiro, um agente dos narcotizadores da opinião, embuçado na autoridade de uma toga de Harvard, truncando e deformando grosseiramente os testemunhos. Recebe ele cartas com ameaças de represálias que serão tomadas pelos marcianos e venusianos que o Doutor Menzel nega existirem.
Se a polícia permitisse, teríamos novamente, como em 1.633, fogueiras acesas para torrar muita gente de um lado e de outro. Um comentarista francês de renome, Raymond Cartier, frente à exacerbação de paixões, que observou nesse caso, a propósito das conclusões do Doutor Menzel, observou com muito espírito: "Compreendo bem tudo isso, os "Discos Voadores" são uma fé e a dúvida é herética".